domingo, março 12, 2006

Tomada de posse de Cavaco Silva


Dia 9 de Março de 2006 ficará marcado pela tomada de posse do quarto Presidente da República, desde 25 de Abril de 1974. O dia amanheceu agitado para os lados da Assembleia da República. Eram esperados os mais altos representantes do estado português, assim como um vastíssimo leque de figuras da política nacional e internacional, convidadas para a passagem de testemunho entre Sampaio e Cavaco Silva.
Tudo correu dentro da mais monótona normalidade, contudo permito-me destacar um ou outro aspecto que não me deixou indiferente.
Estando já a Assembleia devidamente preenchida, iniciou-se a ansiada cerimónia. Prestado o juramento do novo Presidente da República, seguiu-se um aplauso, que eu considero protocolar, partilhado por todos os presentes, com a excepção da ala mais à esquerda que normalmente compõe o plenário da Assembleia da República. Devo dizer que esta atitude não me surpreendeu, pois todos nós já estamos habituados a este tipo de comportamento por parte de uma esquerda que tenta, de todas as maneiras possíveis, colocar-se em bicos de pés para marcar a diferença, mesmo que isso conduza a uma atitude que pode ser rotulada de ridícula. A ausência de um aplauso no momento seguinte ao juramento do Presidente da República é, a meu ver, um claro desrespeito por um dos valores mais elementares da democracia: a vontade popular.
Este momento histórico para a vida democrática portuguesa contou com a presença de todos os antigos Presidentes da República, designação essa que cobre o Dr. Mário Soares. Depois de ter sido claramente derrotado nas urnas, voltou a cometer o mesmo erro que possivelmente o conduziu à grande humilhação da noite de vinte e dois de Janeiro. O Dr. Mário Soares, numa atitude injustificável, saiu da Assembleia da República assim que a cerimónia, no interior do hemiciclo, terminou, não apresentando cumprimentos ao novo Chefe de Estado. Com este tipo de comportamento, Mário Soares dá à opinião pública a nítida sensação de uma prolongada azia, e de um claro mau perder, que já dura há alguns meses. Tal atitude envergonha não só um homem que tanto lutou pela liberdade, como todos aqueles que o apoiaram e respeitam.
Relacionada com a apresentação de cumprimentos por parte de todos os convidados da cerimónia de tomada de posse do novo Presidente, e para terminar este texto, houve um outro episódio que me chamou a atenção, mais uma vez, negativamente. Um dos convidados desta solene sessão era George Bush, homem que apoia a totalidade das políticas imperialistas da maior potência (bélica) do mundo, tendo já sido, no início da década de noventa, a principal figura da administração americana. Aguardou a sua vez para cumprimentar Cavaco Silva, não se destacando aí dos restantes convidados. Contudo, e no momento do tão esperado cumprimento (tão esperado por parte de Cavaco Silva, bem entendido) foi alvo de uma efusiva saudação protagonizada pelo nosso, agora, Presidente da República, fazendo lembrar um encontro entre Bush filho e Blair, numa daquelas reuniões que antecederam a invasão do Iraque em que trocavam mares de cumplicidade e instintos bélicos com um simples olhar. Esta atitude pode, segundo alguns, não ter qualquer tipo de significado, contudo este cumprimento, a meu ver, pode vir a causar preocupação no futuro, não nas nossas relações externas, mas nas relações entre Belém e S. Bento.

2 Comentários:

Às 3/14/2006 09:01:00 da tarde , Blogger NoManIsAnIsland disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
Às 3/14/2006 10:19:00 da tarde , Blogger NoManIsAnIsland disse...

Apesar de estar fora do contexto, do pais e de nao ter assistido a nada do que foi descrito, aproveito para felicitar o autor deste post (bem escrito,sim senhor!),e para dizer que, ainda que alheio aos eventos, concordo com o autor, com excepcao da afirmacao "...este momento histórico para a vida democrática portuguesa"...

 

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